A escuridão cobriu meus olhos de um jeito firme e rápido. Em instantes todo o meu 'eu' havia sido esmagado; me empurrava com força, e eu me deixava levar. Buscava um lugar onde não encontrasse o medo. Se eu deixasse a escuridão sabia que iria machucar alguém. EU NÃO QUERIA! Mas se eu partisse também a machucaria, então eu tinha que existir. Não fazia sentido, tudo acaba em sofrimento.
Eu a magoaria mais uma vez?
Ficava cada vez mais difícil decidir.
Lutei contra a escuridão, não para fazê-la sumir; só para não me esmagar completamente.
Eu nunca fui forte o bastante para lidar com coisas que estavam fora do meu controle, sempre fraca, mas era capaz de continuar por ela. Eu não desistiria, estava determinada, mas não era o bastante. Eu precisava de algo para tirar forças, e o tempo corria cada vez mais rápido...muita coisa parecia estar nas minhas mãos.
De repente senti alguma coisa me tocar..abri os olhos e então a vi; ela me abraçava.
Me fiz forte o bastante para tentar mais uma vez e manter-me de pé até que ela conseguisse viver sem mim.
Eu a apertei contra o peito, agarrei-me a lembranças calorosas e me senti preparada para combater a escuridão pelo tempo que fosse necessário.
O calor da sua pele ficava cada vez mais quente; aumentou até superar qualquer coisa que eu já senti na vida... O calor devorava meu peito. Percebi naquele momento que havia encontrado a razão pra existir.
Eu não me movia, nem falava. No meu silêncio eu agradecia as raras estrelas presentes no céu pelo momento.

* contém fragmentos do livro AMANHECER.